quinta-feira, 10 de outubro de 2013


Recentemente, tivemos mais uma notícia divulgada pela midia sobre um Evento Adverso* (neste caso, SENTINELA) em um Hospital no RJ, e um Hospital Universitário, que tem por missão ensinar. Contudo, muitos hospitais, no Brasil e no mundo, já viveram e vivem situações como esta.

Sabemos que "Errar é Humano" e todos somos suscetíveis ao erro. Justamente por isso, é importante que haja investimento consistente na segurança dos processos assistenciais!
O que é desolador é reconhecermos que, mesmo com grande esforço, encontramos, muitas vezes, a resistência tanto de gestores quanto dos profissionais da saúde, para a implementação da CULTURA DE SEGURANÇA, que salva vidas!

Como nos diz John J. Nance, escritor, advogado e ex-piloto militar e comercial e fundador da Associação Nacional de Segurança do Paciente dos Estados Unidos, precisamos abandonar a cultura presunçosa de que o ser humano pode trabalhar sem cometer erros...


Neste momento em que o MS publica os PROTOCOLOS BÁSICOS DE SEGURANÇA DO PACIENTE (abaixo), a implantação e monitoramento dos mesmos deve ser o máximo compromisso de todos nós. O Protocolo da Cirurgia Segura bem implementado, previne este tipo de evento adverso e SALVA VIDAS!!!
"Cirurgias Seguras salvam vidas" (Campanha da OMS)

Este é o momento para implantarmos os protocolos, que dependem, basicamente, de ações locais...

"Doutores", enfermeiros, gestores, profissionais da saúde em geral, por favor, não banalizem estas atitudes tão importantes!!!! A Segurança do Paciente é Segurança de todos os Profissionais!

"Vamos seguir juntos nesta estrada..."
|ERRO MÉDICO|

O CBN RIO deste sábado começa em instantes e vamos começar falando sobre o homem vítima de erro médico no hospital Pedro Ernesto. Antonio Cesar Victorio teve a perna direita amputada, mas a perna com problema era a esquerda. A esposa dele vai conversar conosco. Ouça pelo dial ou pelo site da CBN.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Iniciativas Brasileiras para a Segurança do Paciente

Pressionado por um conjunto de demandas de profissionais e segmentos da saúde e outras áreas, e pressões da mídia, o Ministério da Saúde lançou, em 1º de abril deste ano, e não é mentira(!), o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP)  como reconhecimento às necessidade já apontadas em todo o mundo, envidando esforços para que, em nosso país, gestores e profissionais da saúde, assim como pacientes, sociedades organizadas e a sociedade de forma geral passem reconhecer a necessidade e urgência do tema.  

O PNSP foi criado com o objetivo de promover melhorias relativas à segurança do paciente, de forma a prevenir e reduzir a incidência de eventos adversos, decorrências da prestação do cuidado nos serviços de saúde e muitos esforços contribuíram para esta iniciativa, dentre eles as produzidas em unidades e instâncias do próprio Ministério da Saúde (MS) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), inclusive ações em conjunto com a Organização Panamericana de Saúde (OPAS).


Uma das principais ações preconizadas pelo PNSP será a obrigatoriedade da criação/implantação de Núcleos de Segurança do Paciente nos hospitais e serviços de saúde, cuja  finalidade é planejar e implementar ações para a promoção de uma assistência segura, com a adoção de protocolos e medidas para a melhoria da qualidade e segurança da assistência ofertada aos pacientes. 

Também passará a ser obrigatória a notificação mensal de eventos adversos associados à assistência à saúde e a Anvisa, respaldada na experiência acumulada pela Rede Sentinela (representada por  um conjunto de hospitais capitaneados e coordenados pela Agência, que atuam através de suas gerências de risco desenvolvendo ações de vigilância na pós comercialização de medicamentos, tecnologias e dispositivos médicos, saneantes e produtos para a saúde e no uso de sangue e hemoderivados), será o canal oficial para a notificação de incidentes e eventos adversos relacionados à assistência ao paciente, através de formulário próprio.

Esta medida deve contribuir para a criação de um Sistema Nacional de Vigilância de Eventos Adversos à Saúde, como os que já existem em vários países em todo o mundo, tais como Espanha, Portugal e etc. 

Além disso, foram desenvolvidos seis Protocolos de Segurança do Paciente, que  abordam os seguintes temas: higienização das mãos, cirurgia segura, prevenção de úlcera por pressão, identificação do paciente, prevenção de quedas e Segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos. Estes Protocolos, cuja elaboração esteve sob a coordenação da equipe do PROQUALIS, estiveram sob consulta pública até o mês de junho e serão validados após a análise das contribuições encaminhadas e, posteriormente, publicados, recomendados para a implementação pelos serviços de saúde.

  
O Programa estabeleceu, ainda, a criação do Comitê de Implementação do Programa Nacional de Segurança do Paciente (CIPNSP), composto por representantes do governo, da sociedade civil, de entidades de classe e universidades, que vem discutindo e deliberando sobre as estratégias para promover e apoiar outras iniciativas voltadas à segurança do paciente em diferentes áreas da atenção à saúde. O Comitê é, também, referência para a tomada de decisão e apoio à implantação do PNSP.

É muito verdade que, anteriores ao lançamento do Programa, várias iniciativas na área já vinham sendo desenvolvidas em muitos lugares, e que impulsionaram a criação do PNSP. Entre elas podemos destacar:

A criação do Portal Proqualis, capitaneada pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e tecnológica (Icict), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com apoio e financiamento da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde, foi um importante elemento para estabelecer a segurança do paciente na pauta das discussões, até então, já que este Portal estrutura-se como um núcleo de difusão do conhecimento relacionado à qualidade do cuidado na saúde e a temas de interesse social e científico nesse campo, visando, sempre, o aperfeiçoamento das práticas adotadas na área, agregando uma gama de informações propagando recomendações e experiências nacionais e internacionais para a qualidade e segurança na saúde. 


Também a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA/MS), por meio da Gerência-Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde (GGTES) instituiu o Grupo de trabalho para a Segurança do Paciente e Melhoria da Qualidade dos Serviços de Saúde, com uma sequencia ordenada de atividades voltadas para a segurança do paciente e da qualidade em serviços de saúde e este grupo conta com a participação de representantes de instituições de saúde,  Secretarias de Saúde e áreas do Ministério da Saúde, além de hospitais de excelência, como o hospital Israelita Albert Einstein, ANS e Universidades.
No final do ano de 2012, a Anvisa lançou a Campanha Pacientes pela Segurança do Paciente, que estimula e encoraja pacientes a participarem de forma mais ativa e consistente do seu tratamento e processo de cuidado.




Uma outra iniciativa também importante foi criação, em fevereiro de 2012, da Câmara Técnica da Qualidade e Segurança dos Hospitais Federais no Rio de Janeiro (CTQS/HFRJ/DGH/SAS/MS), uma instância colegiada, de natureza consultiva e deliberativa, vinculada tecnicamente à Coordenação Geral de Assistência (CGA) do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, com o objetivo de desenvolver, subsidiar e apoiar as iniciativas para a melhoria da qualidade e segurança no âmbito dos Hospitais e Institutos Federais.
A Câmara Técnica da Qualidade e Segurança, com o apoio da Assessoria de Comunicação do DGH lançaram a Campanha das Metas Internacionais de Segurança do Paciente (MISP), que serviu de inspiração para a criação da campanha do PNSP.


Muitas outras ações espalhadas pelo Brasil afora merecem ser destacadas e cada vez mais fortalecidas... Todas estas ações buscaram o respaldo nas iniciativas para a implementação recomendadas pela Aliança Mundial para a Segurança do Paciente para áreas específicas, nas áreas de ação recomendadas pela OMS, já mencionados no "post" anterior. Vamos lá, relembrar algumas destas áreas que motivaram muitas ações:

- Área 1: Desafios Globais para Segurança do Paciente
O primeiro desafio global para segurança do paciente iniciou em 2005 com foco no cuidado a saúde associado à prevenção de infecções, com o tema “Cuidado Limpo é Cuidado Seguro”. Em 2007-2008 o segundo desafio estava focando o tópico cirurgia segura com o tema: “Cirurgia Segura Salva Vidas”. 
O trabalho do terceiro desafio global para segurança do paciente “Enfrentando a Resistência Antimicrobiana” começou em 2009 e foi lançado em 2010.
O Brasil é signatário destas recomendações da OMS, tendo assinado a adesão aos desafios globais propostos.

- Área 2: Pacientes pela Segurança do Paciente
Atualmente, no Brasil, a ANVISA vem desenhando proposições e ações para o desenvolvimento desta área com a criação do projeto Pacientes pela Segurança do Paciente em Serviços de Saúde.

- Área 6: Soluções para Segurança do Paciente
Intervenções ou ações para prevenir ou reduzir risco e dano ao paciente decorrente do processo de cuidado à saúde. As soluções promovidas foram disseminadas e coordenadas internacionalmente pelo Centro Colaborador da Organização Mundial de Saúde (WHO/JCI) e deram origem às Metas Internacionais de Segurança do Paciente, já abordadas anteriormente.

•Solução 1 - Medicamentos com nome e som do nome semelhantes (Look-Alike, Sound-Alike Medication Names).
Uma causa comum de erro de medicação é a confusão gerada por medicamentos com nomes parecidos e/ou embalagens com aparência semelhante. Em mais de cinco mil casos de erros de medicação relatados nos Estados Unidos na década de 1990, 16% foram devidos à administração de medicação errada. Além de recomendações para minimizar a confusão dos nomes dos medicamentos, é de suma importância a educação e o treinamento dos profissionais para reduzir o risco de erro.

•Solução 2 - Identificação do paciente.
As falhas na correta identificação do paciente levam com frequência a erros de medicação e de transfusão de hemoderivados, à realização de procedimentos no paciente errado e à alta de bebês com a família errada. Para minimizar esse problema devem ser utilizadas estratégias e intervenções simples para identificação dos pacientes ou dos bebês.

•Solução 3 - Comunicação durante a passagem de plantão e a transferência do paciente.
A complexidade envolvida no cuidado ao paciente, seja pela incorporação tecnológica, seja pelas características e gravidade do quadro clínico do paciente, requer não só uma abordagem multiprofissional e interdisciplinar, mas também uma participação efetiva do próprio paciente e seus familiares. Dessa forma, a adequada comunicação torna-se fundamental para evitar problemas que podem resultar em sérios danos, por causarem descontinuidade no cuidado e até tratamento inadequado.

• Solução 4 - Realização de procedimentos corretos nos locais corretos.
Os casos de procedimentos ou cirurgias na parte errada do corpo ocorrem e são considerados totalmente evitáveis. Resultam de falhas de comunicação e informação, além de falta de padronização nos procedimentos.
A principal estratégia para reduzir as ocorrências de dano aos pacientes relacionadas à cirurgia é a implantação do uso de uma Lista de Verificação (checklist), preparada por especialistas para auxiliar as equipes cirúrgicas. A lista de verificação padroniza os itens a serem garantidos nas seguintes etapas: antes da indução anestésica, antes da incisão na pele e antes de o paciente sair da sala cirúrgica. Para que obtenha êxito, essa solução requer o engajamento da liderança gerencial e clínica, além dos profissionais envolvidos no cuidado.
O Brasil tornou-se signatário dessa estratégia da OMS em 2008.

• Solução 5 - Controle de soluções concentradas de eletrólitos.
As soluções eletrolíticas concentradas merecem especial atenção devido à sua grande utilização e ao alto risco de dano ao paciente, inclusive morte, associado ao uso inadequado.  Devem, portanto, ser armazenadas e manipuladas de forma controlada e segura.

• Solução 6 - Garantir a adequação da medicação em todo o processo de cuidado
Erros de medicação são uma das causas mais freqüentes de incidentes que levam ao dano ou à morte de pacientes. Esses erros são mais comuns nos momentos de transferência da responsabilidade pelo paciente, principalmente na alta hospitalar. Em alguns países, 67% das prescrições contêm algum erro, sendo que 46% dos erros de medicação ocorrem na admissão ou na alta. Deve ser constituído um processo para prover medicamentos corretos aos pacientes em todos os momentos do cuidado de saúde.

•Solução 7 - Conexões corretas entre cateteres e sondas
A conexão inadequada de tubos, seringas e cateteres leva ao extravasamento de fluidos e medicamentos e provoca sérios danos aos pacientes, tais como flebite e necrose, que ocorrem, por exemplo, quando quimioterápicos são aplicados fora do vaso sanguíneo. Também tem sido relatada morte de pacientes por administração de fluidos orais por via intravenosa. Para minimizar esse problema, os dispositivos devem ter forma padronizada, a fim de garantir a impossibilidade de encaixe inadequado. É de suma importância que sejam garantidos o adequado manuseio por parte dos profissionais e o adequado posicionamento do paciente.

•Solução 8 - Uso único de dispositivos injetáveis.
A reutilização de seringas e agulhas contribui significativamente para a transmissão do vírus da AIDS e das Hepatites B e C. Estima-se que em 2000, nos países em desenvolvimento, 250 mil casos de infecção pelo HIV (5% do total), 22 milhões de casos novos de Hepatite B (um terço do total) e 2 milhões de Hepatite C (40% do total) foram decorrentes de reutilização desses dispositivos. Dessa forma, a solução proposta é usar uma única vez seringas e agulhas.

•Solução 9 - Higiene das mãos para prevenir infecção associada ao cuidado de saúde.
A higienização adequada das mãos é a medida mais importante, para prevenir e controlar infecções nos serviços de saúde. Apesar da reconhecida importância, as taxas de infecção variam de 5% a 20%. O desafio constante é colocar em prática os procedimentos que garantem a adequada higienização das mãos. Esse é o alvo da campanha da OMS “Salve vidas: higienize suas mãos”, que visa promover o incentivo e a sensibilização dos profissionais para a adesão à prática da higienização das mãos de forma constante e rotineira.  O Brasil é signatário dessa estratégia da OMS.


SEGURANÇA DO PACIENTE, uma urgência para os serviços de saúde.

Como já mencionado, os Hospitais são instituições inseguras e as iniciativas para a segurança do paciente vem crescendo, "tomando corpo" e atingindo maiores proporções, mas carecem, ainda, de apoio dos gestores da área da saúde, mais adesão e comprometimento dos profissionais com a disseminação das iniciativas de qualidade e práticas seguras no cuidado ao paciente, principalmente.
As iniciativas para o enfrentamento dos problemas relacionados à segurança do paciente e as propostas de soluções já implementadas nos serviços de saúde têm servido de inspiração para que organizações promovam iniciativas semelhantes.
A propagação destas ações precisa conquistar maior mobilização de gestores, além de profissionais, pacientes e da sociedade em geral. A urgência da questão se faz necessária para prevenirmos os danos e mortes decorrentes das práticas não seguras. É preciso avançar... É papel dos gestores e dos profissionais dos serviços de saúde planejar, implementar e monitorar os planos da melhoria da qualidade e segurança do paciente nos serviços de saúde, que contemplem as diretrizes aqui descritas.
Sem este apoio não alcançaremos o patamar da qualidade e segurança. 
À todos, vale a reflexão... até mais!



Não deixe de consultar: http://www.proqualis.br
                             http://www.who.int/en/
                                     http://new.paho.org/bra/

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Segurança do Paciente: A realidade e o contexto para a transformação... um pouco desta construção.



Observe as notícias abaixo:




Você poderia imaginar que estas situações ocorrem aos milhares, todos os dias, nos serviços de saúde, em todo o mundo?
Mas, ocorrem... e muitos de nós acaba tendo conhecimento somente através da mídia, dos meios de comunicação.

Todos sabemos que prestação de serviços na área da saúde depende intensivamente da complexa interação dos diversos fatores necessários ao cuidado do paciente, entre os quais: relacionamento entre pessoas (interpessoal), manuseio de materiais e insumos, medicamentos, equipamentos e instalações, e estas variáveis correlacionadas elevam a chance de algo sair errado. Desta forma, não nos cabe nenhum questionamento: a insegurança, ou melhor, o RISCO, é fator constante nas práticas assistenciais no mundo todo.

Nas últimas décadas, passou-se a reconhecer que as organizações de saúde não apenas curam doenças e aliviam a dor, mas também podem causar danos e sofrimento. Em 1999, o Institute of Medicine (IOM) lançou o relatório denominado "Errar é humano" (The Error is Human), onde apresentava e discutia  achados relacionados à falta de segurança nos hospitais americanos, em decorrência dos erros e falhas causados na assistência aos pacientes.
Este relatório foi um grande divisor de águas para que uma mobilização, não só nos Estados Unidos mas em todo o mundo, fosse iniciada e que ações de melhoria da qualidade na assistência de segurança do paciente ocupassem lugar nas pautas de discussões estratégicas dentro das instituições de saúde e fossem implementadas de forma imediata. Desde então, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem demonstrado sua preocupação com a segurança do paciente e adotou-a como tema de alta prioridade na agenda a partir do ano 2000.

Confrontada com a importante desta questão, a 55ª Assembléia Mundial de Saúde ocorrida em 2002, adotou uma resolução encorajando os países a prestar o máximo de atenção possível a este problema e a reforçar a segurança na assistência e estruturar sistemas de monitoramento. A resolução solicitou à OMS que liderasse a elaboração de normas e padrões mundiais e apoiasse os países nos esforços de desenvolvimento de políticas e práticas de segurança do Paciente.

Em parceria com outras instituições, o Instituto para a Melhoria de Cuidado à Saúde (Institute for Healthcare Improvement - IHI) instituiu, em 2004, a Campanha das 100 mil vidas, uma iniciativa voluntária, de caráter nacional nos Estados Unidos, que envolveu 3.100 hospitais (aproximadamente 75% dos leitos hospitalares) com o objetivo de reduzir 100 mil mortes desnecessárias num período de 18 meses (IHI, 2004). O resultado foi amplamente favorável, tanto que em 2006 a campanha foi praticamente reeditada com nova meta: evitar cinco milhões de casos de danos decorrentes da assistência em saúde, em um período de dois anos (dezembro de 2006 a dezembro de 2008), intitulada Campanha Cinco Milhões de Vidas.



Também em 2004, no mês de maio, a 57ª Assembléia Mundial de Saúde aprovou a criação de uma aliança internacional para tornar a segurança do paciente uma iniciativa mundial e, em outubro, foi lançada a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, onde, pela primeira vez, chefes de representações, autoridades e grupos de pacientes de todas as partes do mundo reuniram-se para promover este objetivo - “Primeiramente, não provocar danos” - e para reduzir conseqüências adversas causadas pela prestação de cuidados inseguros e pela má qualidade da assistência na saúde.


cartaz da Campanha

Esta aliança já nasceu com o foco em conscientizar e conquistar o compromisso político, lançando programas, gerando alertas sobre aspectos sistêmicos e técnicos e realizando campanhas internacionais que reúnem recomendações destinadas a garantir a segurança dos pacientes ao redor do mundo. Concentrou suas ações nas seguintes áreas: Desafio global para a Segurança do Paciente; Pacientes em Defesa de sua Própria Segurança, Taxonomia/Classificação Internacional para a Segurança do Paciente, Investigação, Soluções para a Segurança do Paciente e Notificação e Aprendizagem, entre outros (ver quadro abaixo) e publicou a cada dois anos um programa estabelecendo suas atividades.


Em 2005, a The Joint Commission, a mais importante organização de certificação de qualidade em assistência médico-hospitalar em todo o mundo, e seu braço internacional, a Joint Commission International (JCI), foram designadas como o Centro Colaborador da OMS em “Soluções para a Segurança do Paciente”, sendo papel desse Centro a elaboração e a difusão de soluções que visem a Segurança do Paciente.

A partir de 2008 a JCI recomendou a implantação de seis Metas Internacionais de Segurança do Paciente, com o propósito promover melhorias específicas em áreas problemáticas na assistência, como estratégia para redução do risco de erros e eventos adversos em Instituições de Saúde. São elas:
Meta 1. Identificar os pacientes corretamente
Falhas na identificação do paciente podem resultar em erros de medicação; erros durante a transfusão de hemocomponentes e em testes diagnósticos; procedimentos realizados em pacientes errados e/ou em locais errados; entrega de bebês às famílias erradas; entre outros.
A identificação do paciente visa garantir a segurança do paciente em qualquer ambiente de cuidado à saúde, incluindo unidades de internação; pronto atendimento; coleta de exames laboratoriais; exames e procedimentos invasivos, sendo preconizado o uso de etiquetas ou pulseiras de identificação com a utilização de, no mínimo, dois identificadores (ex.: nome e data de nascimento).

Meta 2. Melhorar a comunicação efetiva
Uma comunicação efetiva, que seja oportuna, precisa, completa, sem ambiguidade e compreendida pelo receptor, reduz a ocorrência de erros e resulta na melhoria da segurança do paciente.
As comunicações mais propensas a erros são as prescrições verbais, e aquelas feitas por telefone, quando permitido pelas leis ou regulamentos locais. Outra comunicação suscetível a erros consiste na informação de resultados de exames críticos. É recomendada a adoção de um processo que garanta a anotação de toda a prescrição ou resultado de exame, pelo receptor da informação; a releitura da ordem ou resultado do exame por parte do receptor; e a confirmação de que o que foi anotado e lido está correto.

Meta 3. Melhorar a segurança dos medicamentos de alta vigilância
Medicamentos de alta vigilância são aqueles medicamentos associados a um porcentual elevado de erros, com risco mais elevado de resultados adversos, e medicamentos com aparência e nomes parecidos. Existem listas de medicamentos de alta vigilância disponíveis em instituições como a OMS e o Instituto de Práticas Seguras de Medicação (ISMP).
Para prevenir erros relacionados à administração indevida, estes medicamentos devem estar identificados (com rotulagem que o sinalize como medicamento de alta vigilância) e segregados, ou seja, armazenados em locais previamente definidos, de preferência fora das unidades de cuidado.

Meta 4. Assegurar cirurgias em local de intervenção correto, procedimento correto e paciente correto
Cirurgias ou procedimentos invasivos em locais ou membros errados são erros totalmente preveníveis, que ocorrem em função de falhas na comunicação e na informação.
A adoção do Protocolo Universal para prevenção de cirurgias com local de intervenção errado, procedimento errado ou pessoa errada criado pela Joint Commission visa prevenir erros desta natureza. Este protocolo inclui:
 Marcação do local da cirurgia ou do procedimento invasivo. A marcação recomendada é um círculo ou dois círculos circunscritos simulando um alvo. Cuidado! O uso de ataduras para enfaixar membros a serem operados NÃO é considerado método seguro de marcação do sítio cirúrgico.
Uma lista de verificação pré-operatória para confirmar que procedimentos importantes como a avaliação pré-anestésica, anamnese, exame físico e consentimento informado foram realizados.
-  TIME OUT, uma verificação final, feita no local onde a cirurgia ou o procedimento invasivo serão realizados, em voz alta, pela equipe responsável. Nesse momento, confirmamos a identificação do paciente, o procedimento e o sítio cirúrgico, utilizando técnicas de comunicação ativa entre todos os participantes da equipe.

Meta 5. Reduzir o risco de infecções associadas aos cuidados de saúde
A prevenção e o controle de infecções são um desafio para a maioria dos setores de cuidado à saúde, e as crescentes taxas de infecções associadas aos cuidados de saúde são uma grande preocupação para os pacientes e profissionais de saúde. A higiene adequada das mãos é essencial para a erradicação dessas e de outras infecções.
Diretrizes para a higiene das mãos reconhecidas internacionalmente são disponibilizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pelos Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (US CDC) e por diversas outras instituições nacionais e internacionais e os serviços de saúde devem garantir a adoção destas estratégias e sua efetividade.

Meta 6. Reduzir o risco de lesões ao paciente decorrente de quedas
As quedas respondem por uma porção significativa de lesões em pacientes hospitalizados. É recomendada a definição e implementação de um protocolo de prevenção de quedas onde todos os pacientes sejam avaliados e reavaliados periodicamente em relação ao risco de queda, incluindo o risco potencial associado ao uso de medicamentos prescritos e a adoção de medidas para diminuir ou eliminar qualquer risco identificado, quando possível.

Em todo o mundo, muitos serviços de saúde vêm implementando estas ações para reduzir incidentes relacionados à assistência e garantir um cuidado seguro e efetivo. No Brasil, não vem sendo diferente... Muitas experiências neste sentido vêm sendo discutidas e implementadas, principalmente agora com o lançamento, pelo Ministério da Saúde, do PROGRAMA NACIONAL DE SEGURANÇA DO PACIENTE, em abril deste ano.        

Mas este é assunto para outro post...                                                                         
Não deixe de conhecer a Campanha das Metas Internacionais de Segurança do Paciente da Câmara Técnica da Qualidade e Segurança do Paciente dos Hospitais Federais no Rio de Janeiro, vinculada ao Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde em http://proqualis.net/blog/archives/3336/43